Maria das Graças trouxe este texto de Francisco Xavier, na semana em que se comemora 150 anos do Livro dos Espíritos.
LIBERDADE EM CRISTO
“Estais pois firmes na liberdade com que o Cristo nos libertou e não vos submetais de novo ao jugo da escravidão.” – Paulo. (GÁLATAS, 5:1.)
Meditemos na liberdade com que o Cristo nos libertou das algemas da ignorância e da crueldade. Não lhe enxergamos qualquer traço de rebeldia em momento algum. Através de todas as circunstâncias, sem perder o dinamismo da própria fé, submete-se, valoroso, ao arbítrio de nosso Pai. Começa a Missão Divina, descendo da Glória Celestial para o estreito recinto da manjedoura desconhecida.
Não exibe uma infância destacada no burgo em que se acolhe a sua equipe familiar; respira o ambiente da vida simples, não obstante a Luz Sublime com que supera o nível intelectual dos doutores de sua época. Inicia o apostolado da Boa Nova, sem constranger as grandes inteligências a lhe aceitarem a doutrina santificante, contentando-se a adesão dos pescadores de existência singela.
Fascinando as multidões com a sua lógica irresistível, não lhes açula qualquer impulso de reivindicação social, ensinando-as a despertar no próprio coração os valores do espírito. Impondo-se pela grandeza única que lhe assinala a presença, acenam-lhe com uma coroa de rei, que Ele não aceita. Observando o povo jugulado por dominadores estrangeiros, não lhe aconselha qualquer indisciplina, recomendado-lhe, ao invés disso, “dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Sabe que Judas, o companheiro desditoso, surge repentinamente possuído por desvairada ambição política, firmando conchavos com perseguidores da sua Causa Sublime, contudo, não lhe promove a expulsão do círculo mais íntimo.
Não ignora que Simão Pedro traz no âmago da alma a fraqueza com que o negará diante do mundo, mas não se exaspera, por isso, e ajuda-o cada vez mais.
Ele, que limpara leprosos e sarara loucos, que restituíra a visão aos cegos e o movimento aos paralíticos, não se exime à prisão e ao escárnio público, à flagelação e à cruz da morte. Reflitamos, pois, que a liberdade, segundo o Cristo, não é o abuso da faculdade de raciocinar, empreender e fazer, mas sim a felicidade de obedecer a Deus, construindo o bem de todos, ainda mesmo sobre o nosso próprio sacrifício, porque somente nessa base estamos enfim livres para atender aos disígnios do Eterno Pai, sem necessidade de sofrer o escuro domínio das arrasadoras paixões que nos encadeiam o espírito por tempo indeterminado às trevas expiatórias.
Livro: “Palavras de Vida Eterna” - Psicografia Francisco Candido Xavier – Espírito Emmanuel